Substâncias psicodélicas no setting psicanalítico: uma análise cautelosa e promissora para o correto entendimento e acolhimento de pacientes

1. Introdução

Este artigo busca trazer um pouco mais de conhecimento acerca do papel emergente das substâncias psicodélicas e do seu uso tanto recreativo como em psicoterapias psicodélicas. O potencial dessas substâncias no campo psicanalítico tem despertado um interesse crescente gerando novas pesquisas científicas, visando compreender e aproveitar os seus benefícios terapêuticos enquanto se mitigam os riscos das mesmas.

  1. Contexto Histórico: Os psicodélicos têm sido utilizados em várias culturas há séculos para fins espirituais e de cura e têm despertado interesse em pessoas das grandes cidades em todo o mundo. Eles têm ganhado reconhecimento por seus efeitos psicológicos profundos, tanto em usos religiosos, recreativos ou terapêuticos.
  2. Mecanismos Neurobiológicos: As substâncias psicodélicas geram um estado alterado de consciência afetando e interagindo na maioria das vezes e principalmente com os receptores de serotonina no cérebro. Isso leva a alterações no estado de consciência, mudanças na percepção, nos processos de pensamento e no humor, proporcionando um meio diferente e único para a exploração psicanalítica.
  3. Pesquisa Clínica: Estudos recentes sugerem que psicodélicos podem facilitar os processos psicoterapêuticos, auxiliando potencialmente no tratamento de transtornos de saúde mental, como nos casos de depressão, de ansiedade, de vícios, de traumas e de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). No entanto, a complexidade dessas substâncias e a aplicação de psicoterapias psicodélicas ainda exigem investigações adicionais.
  4. Considerações Éticas: O uso de tais substâncias em um contexto terapêutico levanta importantes questões éticas e de segurança. A preparação adequada, a indicação, a dosagem cuidadosa e ideal e a integração de apoio são cruciais para garantir o bem-estar do paciente.

Este artigo está baseado na compilação de materiais de pesquisa e tem como objetivo fornecer uma compreensão das substâncias psicodélicas no tratamento psicanalítico, abraçando o potencial de uma mudança de paradigma, ao mesmo tempo em que reconhece as suas complexidades e os seus desafios. O que é almejado é uma paisagem psicoterapêutica que respeite a liberdade de escolha individual, sem julgamentos e que acolha o paciente. Além disso, que oriente o paciente sobre a sua exploração quando houver, por parte dele, intenção de busca por estas substâncias.

 

  1. As substâncias psicodélicas

O termo “psicodélico” foi utilizado pela primeira vez pelo psiquiatra canadense Humphrey Osmond. A palavra tem origem no grego, psic(o) ((ψυχή – mente, alma)- + el. delo (δηλειν grego dêlos,ē,on ‘visível, claro, manifesto, evidente’, conexo com o sânscrito dīdēti ‘ele mostra’) + -́ico e sua tradução direta seria a “manifestação da mente/alma” (1). Ele a utilizou para descrever a capacidade dos psicodélicos em revelar os aspectos ocultos da mente inconsciente. Tais substâncias induzem mudanças na percepção, na emoção e na autoconsciência, e inibem a rede de modo padrão no cérebro, gerando estados de consciência alterados. Estes estados alterados de consciência, ocasionados durante as experiências obtidas através do uso destas substâncias psicodélicas, são considerados qualitativamente diferentes da cognição normal, correspondendo ao processo primário de pensamento sugerido por Sigmund Freud. Este último é caracterizado por uma natureza simbólica, de um ego imaturo, de representações por alusão ou analogia, e uma falta de sensação de tempo linear. E a memória, as ideias e os pensamentos distintos podem ser representados por um único pensamento ou imagem e vice-versa(2). Abaixo serão listadas as principais substâncias psicodélicas que vêm sendo consumidas ou estudadas para entendimento.

 

2.1. Ayahuasca

A Ayahuasca é também conhecida popularmente como “Chá do Santo Daime” ou “Vegetal”. A expressão “ayahuasca” tem origem no Quíchua, uma família de línguas indígenas sul-americanas. “Aya” significa persona, alma, espírito morto, enquanto “waska” refere-se a cipó, corda, trepadeira ou videira. Essas palavras são associadas às plantas e ao cipó utilizados na elaboração da bebida. O chá de Ayahuasca é produzido pela combinação e fervura de diferentes espécies do cipó Banisteriopsis, conhecido como cipó-mariri, jagube, yagé ou caapi, e as folhas da Psychotria viridis (chacrona ou rainha)(3).

É um chá potente com uma rica história de uso tradicional que abrange milhares de anos.

A Ayahuasca é natural e é usada em forma de chá. Seu consumo é feito via oral. O chá de Ayahuasca contém DMT, um poderoso alucinógeno que é encontrado em numerosas plantas e animais(4). Ela tem apresentado que possui potenciais benefícios psicoterapêuticos e por isso tem sido um tema de considerável interesse científico investigativo.

 

2.1.1. Em que situação a Ayahuasca é normalmente utilizada? Ela gera dependência ou vício?

O chá de Ayahuasca é mais comumente usado em cerimônias religiosas e de cura entre as tribos indígenas da Amazônia(4). Nos últimos anos, seu uso tem se expandido para as grandes cidades através de rituais religiosos, cujos fiéis buscam com seu uso o autoconhecimento e experiências espirituais. Os rituais religiosos mais conhecidos são o Santo Daime, o Xamanismo, a Barquinha, a União do Vegetal e o Umbandaime. Igualmente, seu uso tem sido feito em ambientes de pesquisas psicoterapêuticas no tratamento de diversos transtornos de saúde mental. Essa expansão reflete um reconhecimento crescente dos potenciais benefícios terapêuticos da Ayahuasca, embora seu uso ainda seja controverso e não seja universalmente aceito. Não há evidências de dependência física e vício da Ayahuasca(4). Porém, pode ocorrer a dependência psicológica, exigindo intervenção profissional.

 

2.1.2. Efeitos específicos da Ayahuasca no corpo e na mente

Essa bebida psicodélica gera uma alteração no estado de consciência e pode provocar mudanças profundas na consciência, possivelmente facilitando a catarse e a percepção. São relatadas também experiências tidas como espirituais pelos usuários.

Fisiologicamente, ela ativa os receptores de serotonina, o que pode contribuir para seu potencial terapêutico. Pode também, ocorrer o aparecimento de náuseas, vômitos, diarreia, taquicardia, hipertensão observada no uso do chá em conjunto com alimentos contendo tiramina(6) e sensações de frio ou calor(7). Por fim, há o aumento da sensibilidade sensorial, o que torna as cores mais brilhantes, e amplia a percepção de sons imperceptíveis e em alguns casos pode gerar certa sonolência(6). Mais pesquisas são necessárias para compreender completamente esses efeitos.

Usuários da Ayahuasca parecem ter um consenso onde dizem que ficam autoconscientes durante todo o período do efeito do chá e por isso eles afirmam saber o que realmente está acontecendo durante todo o tempo. Igualmente, relatam e afirmam não sentir a perda de realidade em nenhum momento.

 

2.1.3. Exploração dos efeitos benéficos já observados no uso da Ayahuasca e no estado psicológico e psicanalítico

Nas pesquisas acompanhadas por tratamentos psicanalíticos, foi observado que o uso da Ayahuasca tem efeitos específicos e benéficos que não são apenas profundos, mas também transformadores(5). Experiências espirituais e místicas, sentimento de bem-estar, experiências de êxtase, aumento da autoconsciência, liberação emocional profunda, redução significativa dos sintomas de depressão e ansiedade(4), redução ou eliminação de vícios com bebidas, cocaína e nicotina(8), aceleração do crescimento pessoal e desenvolvimento estão entre os principais deles.

 

2.1.4. Efeitos negativos e prejudiciais da Ayahuasca no cérebro e no estado psicológico e psicanalítico

Apesar de seus potenciais benefícios nos tratamentos psicanalíticos, a Ayahuasca também pode ter efeitos negativos e prejudiciais no cérebro e no estado psicológico. O uso a longo prazo pode levar à psicose persistente e ao Transtorno de Percepção Persistente de Alucinógenos (HPPD, na sigla em inglês) ou flashbacks(7). Além disso, por ser uma substância psicoativa intensa, ela pode agravar condições de saúde mental pré-existentes e desencadear psicoses, ataques de pânico e ansiedade em pessoas pré-dispostas (7). Ela jamais deve ser associada com bebidas alcoólicas, assim como com remédios inibidores da monoamina oxidase, como isocarboxazida, moclobemida, fenelzina, selegilina e tranilcipromina. Por fim, é contraindicada para pessoas que possuem Parkinson, esquizofrenia, psicose(7), gestantes e pessoas epiléticas ou que sofrem com convulsões.

 

2.2. LSD

O LSD, é também conhecido popularmente por “Ácido”, “Pills”, “Cones”, “Trips” ou “Doce”. É cientificamente conhecido como Dietilamida do Ácido Lisérgico e é uma substância psicodélica potente com uma história diversa de uso(9). Foi descoberto e inicialmente sintetizado em 1937 por Albert Hoffman em 1937, mas só em 1953 é que foram descobertos os seus efeitos alucinógenos. Ele possui uma história rica de uso e pesquisa que abrange mais de oito décadas.

O LSD é uma droga sintética derivada do ergot, um fungo que cresce no centeio. Ele possui efeito alucinógeno que altera o estado consciente da mente, causando distorções profundas na percepção. Seu uso atualmente é mais recreativo, em festas, raves e na vida noturna. Porém tem sido também utilizado em estudos científicos controlados. Ele tem sido tema de considerável estudo devido ao seu potencial terapêutico em tratamentos psicológicos(10). Vale lembrar que ele é proibido na maioria dos países, apesar do crescente interesse por ele nos âmbitos já listados.

Pode ser encontrado em diferentes formas, como por exemplo, barras, cápsulas, tiras de gelatina, micropontos ou folhas de papel secante (como selos ou autocolantes). A dose média varia de 50 a 75 microgramas. Seu consumo pode ocorrer por via oral, absorção sublingual, injeção ou inalação.

 

2.2.1. Em que situação o LSD é normalmente utilizado? Ele gera dependência ou vício?

Os casos típicos de uso do LSD, apesar de sua proibição em muitos países, variam significativamente, sendo ele frequentemente utilizado em contextos recreativos ilícitos e cenários de automedicação. Porém, é cada vez mais usado no contexto de pesquisas e intervenções terapêuticas supervisionadas(10). Essas situações ressaltam a complexidade do uso do LSD, destacando a necessidade de mais pesquisas sobre seus potenciais benefícios e riscos em diferentes contextos. Ele não gera dependência física, porém existe a possibilidade dele criar dependência psicológica(11).

 

2.2.2. Efeitos específicos do LSD no corpo e na mente

Embora tenham sido realizadas muitas pesquisas sobre os efeitos fisiológicos do LSD, são as profundas alterações na consciência e percepção, frequentemente levando a percepções introspectivas profundas, que têm despertado interesse recente em suas possíveis aplicações terapêuticas. Há relatos também de experiências espirituais vivenciadas por quem o utilizou.

 

2.2.3. Exploração dos efeitos benéficos já observados no uso do LSD e no estado psicológico e psicanalítico

Apesar da controvérsia histórica em torno do LSD, estudos recentes têm mostrado seu potencial benefício no processo psicoterapêutico. Essa substância psicodélica tem mostrado promessa no tratamento de condições como depressão, ansiedade e PTSD, ou TEPT, demonstrando seu potencial no campo da psicoterapia(12). Esses benefícios incluem ainda, a melhora na conexão emocional, aumento das capacidades introspectivas, redução dos sintomas de ansiedade, potencial para efeitos terapêuticos duradouros.

 

2.2.4. Efeitos negativos e prejudiciais do LSD no cérebro e no estado psicológico e psicanalítico

Estudos científicos têm documentado os potenciais efeitos negativos e prejudiciais do LSD no cérebro, bem como seu impacto no estado psicológico e das pessoas(13). O LSD pode causar efeitos alucinógenos agudos, disrupção cognitiva e angústia emocional(14), principalmente em pessoas que fazem seu uso constantemente. Os efeitos a longo prazo podem incluir psicose persistente e transtorno de percepção persistente de alucinógenos.

 

2.3 Psilocibina

A exploração de Psilocibina remonta aos tempos pré-históricos, indicando sua significância de longa data na cultura humana e na investigação científica(13). A Psilocibina, conhecida cientificamente como 4-fosforiloxi-N,N-dimetiltriptamina(14) e/ou Psilocybe cubensis, é encontrada em mais de 200 espécies de cogumelos(15), com uso antigo evidente em práticas rituais e espirituais. Esses cogumelos são comumente chamados de “cogumelos mágicos”.

No entanto, pesquisas recentes têm começado a explorar os seus potenciais benefícios no âmbito dos tratamentos psicanalíticos, especialmente em relação à dependência, depressão e transtornos de ansiedade.

A Psilocibina recebeu status de avanço da FDA após ensaios clínicos que indicaram que está sendo muito benéfica nos tratamentos de TEPT, depressão e ansiedade(12).

Seu consumo normalmente ocorre por via oral, seja através de mastigação, chá ou uso em pó em alimentos e bebidas.

 

2.3.1. Em que situação a Psilocibina é normalmente utilizada? Ela gera dependência ou vício?

É comumente utilizada em rituais religiosos e espirituais. Do mesmo modo, é utilizada por pacientes em busca de tratamentos alternativos para saúde mental(16) em ambientes controlados para fins psicoterapêuticos, especificamente no tratamento de diversos transtornos de saúde mental, como por exemplo a depressão(13). Ainda, é utilizada em pesquisas para o estudo da consciência e cura de transtornos psicológicos.

A Psilocibina não causa vício físico. Segundo a lista da The Lancet(17), a Psilocybe cubensis ocupa a última posição de risco de vício, ficando inclusive atrás do álcool, do tabaco, da maconha e do LSD.

 

 

 

2.3.2. Efeitos específicos da Psilocibina no corpo e na mente

Pesquisas revelam que este composto pode facilitar experiências transformadoras, potencialmente aliviando sintomas de transtornos de saúde mental e promovendo abertura emocional. Muitos alegam que passam por experiências espirituais ao usá-la.

O seu uso acarreta alterações na consciência e percepção, aumentando essa percepção no campo sensorial visual e auditivo(18). Igualmente, podem causar sensação de náusea, vômito, fraqueza muscular, confusão e falta de coordenação(18).

 

2.3.3. Exploração dos efeitos benéficos já observados no uso da Psilocibina e no estado psicológico e psicanalítico

Numerosos estudos indicam que a substância promove uma liberação emocional aprimorada(19), acelera o processo terapêutico, propicia a melhora nas relações(20) e ocasiona reduções duradouras nos sintomas psicopatológicos, como por exemplo depressão severa e duradoura(21). Essas descobertas corroboram o potencial da Psilocibina como uma futura ferramenta poderosa para a exploração e cura psicanalítica.

 

2.3.4 Efeitos negativos e prejudiciais da Psilocibina no cérebro e no estado psicológico e psicanalítico

Apesar dos potenciais benefícios da Psilocibina em tratamentos psicanalíticos, ainda existem preocupações substanciais quanto aos seus efeitos negativos e prejudiciais no cérebro e estado psicológico em doses muito altas, sendo necessários mais testes e análises para um resultado mais conclusivo. Tais análises devem incluir a dosagem, ou a microdosagem, adequadas. Os efeitos negativos em doses altas podem ser, náuseas, vômitos, fraqueza muscular, confusão, falta de coordenação(22), paranóia e psicose por “bad trip” ou “viagem ruim”(23).

 

2.4. Mescalina

A mescalina, um alcaloide psicodélico natural, possui um rico contexto histórico e uso variado em diferentes contextos sociais(13).

Várias culturas indígenas historicamente utilizaram a Mescalina, uma substância psicodélica naturalmente ocorrente cientificamente conhecida como Peyote (Lophophora williamsii)(24), pelos seus efeitos psicoativos em rituais religiosos e de cura(25). Muitos relatam terem reveladoras experiências espirituais ao usá-la.

Esta substância origina-se do cacto Peyote ou Peiote, tem sido utilizada há séculos pelas tribos nativas americanas, causa alucinações e jornadas espirituais(26). Atualmente, ela está sendo amplamente estudada para possíveis usos terapêuticos.

Seus efeitos no corpo e na mente têm sido documentados, com foco específico em suas possíveis aplicações nos processos psicanalíticos(14).

Seu consumo normalmente ocorre por via oral, através de mastigação.

 

2.4.1. Em que situação a Mescalina é normalmente utilizada? Ela gera dependência ou vício?

É tradicionalmente usado para induzir estados de profunda introspecção e percepção, frequentemente facilitando experiências transformadoras e rituais indígenas espirituais e de cura. Ultimamente, tem sido amplamente usada no contexto recreativo, como em raves e festas. Também é utilizado em ambientes psicoterapêuticos, onde seu potencial de estimular percepções introspectivas pode ajudar a desvendar questões psicológicas profundamente enraizadas. O uso da Mescalina, no entanto, é regulado devido às suas propriedades psicoativas. A mescalina não gera vício físico.

 

2.4.2. Efeitos específicos da Mescalina no corpo e na mente

Pesquisas indicam que a mescalina pode aumentar potencialmente a introspecção e a empatia, auxiliando no tratamento psicanalítico. No entanto, também pode desencadear respostas físicas como aumento da frequência cardíaca e náuseas(27).

Alguns indivíduos vivenciam um estado introspectivo, tranquilo, assemelhando-se a um profundo estado meditativo. Outros podem experienciar alucinações que geram desconforto ou até mesmo os expõem a situações perigosas e são conhecidas como “bad trips”.

Os seus usuários sentem uma forte euforia. A euforia associada ao Peiote contribui para a atratividade percebida pelos usuários em relação a essa substância. É bem comum que as cores se tornem mais vibrantes, proporcionando uma sensação de perspicácia singular, enquanto a percepção visual e tátil passa por alterações sob a influência dessa substância(27). Ainda, podem ter náuseas e vômitos, particularmente comuns entre novos usuários; fraqueza; falta de ar; aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial; calafrios ou tremores; ondas de calor; insônia e ataxia (movimento descoordenado).

 

2.4.3. Exploração dos efeitos benéficos já observados no uso da Mescalina e no estado psicológico e psicanalítico

Evidências sugerem que a Mescalina aumenta a capacidade introspectiva, facilita a liberação emocional, auxilia na recordação de memórias reprimidas, proporciona novas perspectivas sobre questões pessoais, auxilia no combate a vícios(29), principalmente ligados ao álcool. Essas descobertas apoiam o valor terapêutico potencial do Mescalina nos tratamentos psicanalíticos.

 

2.4.4. Efeitos negativos e prejudiciais da Mescalina no cérebro e no estado psicológico e psicanalítico

Os principais efeitos negativos e prejudiciais da Mescalina relatados ocorreram por seu uso constante e predisposição dos usuários. Entre elas está a psicose persistente e o Transtorno de Percepção Persistente de Alucinógenos (HPPD, na sigla em inglês)(30). Ainda não são conhecidos quais são os efeitos prejudiciais no cérebro, havendo a necessidade de mais estudos nesse sentido.

 

  • MDMA

O MDMA, conhecido cientificamente como 3,4-Metilenodioximetanfetamina, é uma substância sintética psicoativa que possui efeitos estimulantes e alucinógenos, com uma história de uso que remonta ao início do século XX.

O MDMA também é conhecido popularmente como “Ecstasy”, “Pílula do Amor”, “Pílula da Felicidade” ou “Bala”.

Essa substância foi sintetizada pela primeira vez em 1912(33) e posteriormente ganhou destaque na psicoterapia(14).

A discussão a seguir explora os efeitos do MDMA no corpo e na mente, seu uso em processos psicanalíticos e seu potencial viciante, tudo com base em evidências empíricas de diversos estudos.

 

2.5.1. Em que situação o MDMA é normalmente utilizado? Ele gera dependência ou vício?

Ele tem sido predominantemente utilizado em ambientes recreativos, como por exemplo festas, raves e na vida noturna. Mas pesquisas recentes revelam potenciais benefícios terapêuticos, especialmente em tratamentos psicanalíticos. MDMA, vem à tona em sessões de terapia, onde auxilia no tratamento do transtorno de estresse pós-traumático e de outros traumas emocionais

Por isso têm sido utilizadas em pesquisas, sob ambiente controlado e em ambientes psicoterapêuticos.

O MDMA recebeu status de avanço da FDA após ensaios clínicos que indicaram que está sendo muito benéfico nos tratamentos de TEPT, depressão e ansiedade(12).

 

2.5.2. Efeitos específicos do MDMA no corpo e na mente

O MDMA potencializa a atividade de três substâncias químicas cerebrais: a norepinefrina, a serotonina, e a dopamina. A dopamina induz uma sensação de euforia e aumento de energia. A serotonina intensifica a proximidade emocional e melhora o humor, frequentemente resultando em insônia, perda de apetite e aumento do desejo sexual. A norepinefrina eleva a frequência cardíaca e a pressão arterial.

Após a ingestão do MDMA, são necessários aproximadamente 15 minutos para que ele percorra a corrente sanguínea e alcance o cérebro. Os efeitos perduram por um período que varia entre três e seis horas. O MDMA não causa vício físico, mas pode causar dependência psicológica, principalmente porque os usuários podem querer vivenciar novamente as sensações que ele as fazem sentir(31).

 

2.5.3. Exploração dos efeitos benéficos já observados no uso do MDMA e no estado psicológico e psicanalítico

Baseando-se na exploração dos efeitos do MDMA no corpo e na mente, vários estudos já começaram a revelar benefícios distintos da utilização dessa substância psicodélica no processo psicanalítico. Os efeitos incluem: uma melhor percepção sensorial, aumento da extroversão, uma maior sensação de bem-estar, contato com memórias carregadas de emoção, calor emocional e maior empatia pelos outros, como se fosse um amor universal(32).

 

2.5.4. Efeitos negativos e prejudiciais do MDMA no cérebro e no estado psicológico e psicanalítico

Os efeitos adversos decorrentes da utilização de MSMA incluem hipertensão, desmaios(33)(34) e em situações mais sérias, perda de consciência e convulsões(35). Pesquisas indicam que mesmo doses moderadas de MDMA interferem na capacidade do organismo de regular a temperatura (hipertermia)(36)(37), o que pode resultar em complicações potencialmente fatais em ambientes de elevada temperatura. Nestas circunstâncias, pode ocorrer degradação muscular ou desequilíbrio eletrolítico (sódio), levando a complicações como insuficiência renal(38) ou edema cerebral fatal, sobretudo em mulheres. Além disso, o uso dessa substância está associado a sintomas como aperto involuntário da mandíbula(39), falta de apetite(38)(39), leve distanciamento emocional (despersonalização)(40), pensamentos ilógicos ou desorganizados, pernas inquietas, náusea, ondas de calor ou calafrios, dor de cabeça, sudorese e rigidez muscular ou articular(34)(41)(42).

No aspecto emocional e psicológico, ataques de pânico(41) durante o seu uso e usuários corriqueiros relataram que houve ocorrência de depressão, comprometimento da atenção e memória(42)(43), ansiedade, agressividade(44)(45) e irritabilidade(46) na semana subsequente ao consumo.

 

2.6. Cetamina/Ketamina

A Cetamina, originalmente desenvolvida como anestésico de ação curta na década de 1960. É anestésico e analgésico conhecido cientificamente como cloridrato de cetamina. Atualmente, é usado principalmente como anestésico em clínicas veterinárias, e em alguns casos em alguma aplicação em humanos, como por exemplo, em radioterapia e terapia de queimaduras, para crianças que não desenvolvem uma boa reação a outros anestésicos e em tratamento de lesões em campos de guerra.

Popularmente é conhecida por nomes como “Special K”, “K(key)”, “KitKat”, “Pó de Anjo”, “Boa Noite Cinderela”, “Droga do Estupro” ou “Super Ácido”.

Ela encontrou um novo papel nos tratamentos psicanalíticos devido aos seus efeitos psicotrópicos únicos.

O seu uso, predominantemente em contextos médicos e recreativos, levanta questões sobre o potencial de dependência que requerem investigação adicional.

A discussão subsequente irá focar nos efeitos específicos da Cetamina no corpo e na mente, e nos benefícios observados da sua aplicação nos processos psicanalíticos.

 

2.6.1. Em que situação a Cetamina é normalmente utilizada? Ela gera dependência ou vício

A Ketamina é comumente utilizada por profissionais da área médica em diversos campos, porém também apresenta um potencial risco de vício

Entre seus usuários estão os anestesiologistas, devido às suas propriedades anestésicas potentes; os psicoterapeutas explorando seu potencial no tratamento da depressão e usuários recreativos devido aos seus efeitos alucinógenos.

 

2.6.2. Efeitos específicos da Cetamina no corpo e na mente

A Cetamina altera os sentidos, as percepções da realidade e em alguns casos reportados, pode dar a sensação do usuário de estar tendo uma experiência fora do corpo.

Os usuários também passam por efeitos de alucinação. Além disso, há psicologicamente um aprimoramento da percepção sensorial, uma experiência dissociativa e a percepção de tempo é alterada(13). Já fisiologicamente, há um aumento da frequência cardíaca, náuseas e aumento da pressão arterial(14).

 

2.6.3. Exploração dos efeitos benéficos já observados no uso da Cetamina e no estado psicológico e psicanalítico

Atualmente, a Cetamina é reconhecida como a abordagem terapêutica mais eficaz para casos de depressão resistente, tanto unipolar quanto bipolar, demonstrando a capacidade de reverter quadros crônicos de depressão em até 75% das situações. Em alguns cenários, pacientes com depressão resistente observam melhorias imediatas após a administração desse fármaco.

Além de ser indicada para pacientes com depressão resistente, a Ketamina pode ser empregada no estágio inicial do tratamento da depressão, antes que os medicamentos antidepressivos alcancem pleno efeito. Ela também se mostra benéfica para resgatar indivíduos depressivos em fases mais críticas da condição, bem como para aqueles que apresentam pensamentos suicidas.

Conforme estudo divulgado no Journal of Clinical Psychiatry, o tratamento com a Cetamina tem apresentado melhorias significativas nos casos de pacientes com sintomas de ansiedade, depressão e ideação suicida(47).

 

2.6.4. Efeitos negativos e prejudiciais da Cetamina no cérebro e no estado psicológico e psicanalítico

Infelizmente, o principal dano da Ketamina, é o vício. Por isso a importância de usá-lo em ambiente terapêutico seguro.

Seu uso ainda pode desencadear a pressão alta e o aumento dos batimentos do coração. Pode ainda ocasionar reações psiquiátricas de emergência, devido à, por exemplo, confusão mental; alucinação exagerada; delírio; comportamento irracional e estado de sonho.

O uso prolongado pode induzir neurotoxicidade, levando ao comprometimento cognitivo e transtornos de humor(13). Além disso, pode interromper a progressão psicanalítica, desencadeando estados mentais prejudiciais(14).

 

3.     Materiais e métodos

A metodologia deste estudo envolveu uma extensa revisão e análise de artigos acadêmicos, relatórios de ensaios clínicos, estudos empíricos, documentários e vídeos focados no uso de substâncias psicodélicas em tratamentos psicoterapêuticos. Isso exigiu uma cuidadosa análise da literatura para compreender os potenciais benefícios terapêuticos e riscos associados ao uso dessas substâncias em um contexto psicanalítico.

Um método de revisão sistemática foi utilizado para pesquisar bancos de dados, incluindo PubMed, PsycINFO e a Biblioteca Cochrane, utilizando termos como ‘Ayahuasca’, ‘substâncias psicodélicas’, ‘psicoterapia’ e ‘tratamentos psicanalíticos’. Para garantir a qualidade e relevância dos estudos incluídos, critérios estritos de inclusão e exclusão foram aplicados.

Os estudos foram incluídos se:

  1. Foram publicados em um periódico revisado por pares.
  2. Envolveram seres humanos como sujeitos.
  3. Avaliaram o uso de Ayahuasca ou outras substâncias psicodélicas em um contexto de tratamento psicanalítico.

 

Os estudos foram excluídos se:

  1. Não estavam em inglês, espanhol ou português.
  2. Envolviam sujeitos não humanos.
  3. Focaram apenas em usos recreativos, não contemplando os usos terapêuticos destas substâncias.

 

A tabela a seguir apresenta um resumo do processo de revisão:

 

Etapa Descrição Número de Estudos
Busca Inicial Estudos identificados nos bancos de dados, Internet e TV 301
Exclusão de títulos, resumos, documentários e vídeos irrelevantes Estudos excluídos com base no título, resumo ou idioma 164
Revisão do texto ou conteúdo completo Artigos, documentários e vídeos completos e avaliados por elegibilidade 136
Inclusão final Estudos, documentários e vídeos incluídos na revisão 71

 

Essa metodologia sistemática garantiu uma revisão abrangente e imparcial da literatura disponível, fornecendo uma base sólida para as descobertas e conclusões do estudo.

 

4. Resultados

A metodologia deste estudo resultou em dados compilados significativos, lançando luz sobre os potenciais benefícios dessas substâncias psicodélicas nos tratamentos psicanalíticos e/ou terapias psicodélicas. Os dados foram coletados de uma coorte diversificada, garantindo uma compreensão abrangente dos efeitos das substâncias psicodélicas em diferentes estudos e grupos demográficos.

Todas as substâncias relatadas, apresentam um potencial imenso para os tratamentos de depressão, ansiedade, trauma, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e vícios. Porém, em todos os casos, ficou claro que são necessárias mais pesquisas, testes, análises e novos resultados para que fique comprovada a eficácia destas substâncias. Ainda, para que sejam mitigados os riscos e consequências negativas devido ao uso dessas substâncias. Por fim, é importante que estes estudos consigam definir a frequência e dosagem adequadas para o uso destas substâncias.

Em todos os estudos, também ficou clara a necessidade de acompanhamento terapêutico.

Dito isto, todas as substâncias psicodélicas aqui relatadas, em linhas gerais mostraram potencial facilitador da exploração mais profunda de material reprimido ou inconsciente de seus usuários. Isso se torna interessante e importante nos settings psicanalíticos do ponto de vista terapêutico, tanto para o paciente, quanto para o analista.

Em nenhum momento os estudos estimulam o uso destas substâncias em condições recreativas. Pelo contrário, sugere seu uso em ambientes seguros e controlados com fins terapêuticos.

É importante prestar especial atenção para o uso de Ketamina, devido a ela ser a única substância psicodélica que apresentou risco comprovado de vício físico. Obviamente, não podemos descartar o vício psicológico das outras substâncias, o que pode torná-lo material para acompanhamento no consultório psicanalítico.

Esses resultados, embasados por uma ampla gama de dados, sugerem um papel promissor para a essas substâncias psicodélicas nos tratamentos psicanalíticos. Os benefícios observados abrangem diversas condições de saúde mental, destacando a ampla aplicabilidade dessas substâncias. Reforçando que, os dados também ressaltam a importância do contexto e ambiente na administração dessas substâncias, reforçando a necessidade de pesquisas contínuas para otimizar sua aplicação terapêutica.

5. Discussão

À medida que o renascimento psicodélico se integra aos nossos espaços terapêuticos, os psicanalistas enfrentam o desafio de compreender e abordar a experiência, ou desejo de experiência psicodélica de seus pacientes.

Enquanto disciplinas como a neurociência(48), estudos culturais (49)(50) e pesquisa clínica(51) têm se dedicado a investigar e esclarecer o potencial terapêutico dos agentes psicodélicos em diversos aspectos do sofrimento humano, a psicanálise ainda não tem desempenhado um papel significativo nesse diálogo.

A experiência psicodélica e a psicanálise compartilham semelhanças em suas buscas por transformação pessoal, insights e novas experiências, além de uma abordagem fundamentada na qualidade da experiência subjetiva. Ambas envolvem a reexperiência e reestruturação da primeira infância, promovem a relacionalidade e demandam receptividade ao “não saber”. A psicanálise, de forma gradual, explora territórios, com ênfase em compreender e curar traumas pessoais, enquanto as experiências psicodélicas oferecem uma entrada mais rápida, focando inicialmente no estado incomum.

Psicanalistas são profissionais ideais para auxiliar pacientes usuários ou interessados em usar substâncias psicodélicas, já que podem aproveitar as suas habilidades e familiaridade em territórios que vem sendo abertos pelos psicodélicos. É importante ainda destacar a importância do entendimento dos efeitos dessas substâncias para que o psicanalista possa acolher, compreender, orientar e navegar pelas experiências citadas por pacientes.

As pesquisas iniciais de Sigmund Freud sobre hipnose com Josef Breuer, influenciaram o desenvolvimento da psicanálise(52). A exploração de estados alterados de consciência, desde os sonhos até estados regressivos, tem sido uma parte significativa da teoria psicanalítica(53)(54). A ambivalência em relação a estados mentais considerados “regressivos” foi notável, sendo alguns patologizados, enquanto outros, como na neurose de transferência, foram aprovados(55). As substâncias psicodélicas podem contribuir com esses acessos aos estados alterados de consciência e o inconsciente do paciente.

Já, a abordagem de Winnicott e Milner, valorizaram estados de união experimentados no início da vida como cruciais para os relacionamentos e a criatividade(56)(57). E aqui novamente as substâncias psicodélicas podem ser úteis. Afinal, a experiência psicodélica é marcada por estados alterados de consciência que compartilham semelhanças com os delineados por ambos teóricos.

Stanislav Grof e suas matrizes perinatais básicas, destaca a importância e influência da experiência psicodélica na revisão e reformulação de traumas pré-natais e de nascimento(58). Afinal, a consciência psicodélica pode ser expansiva, oferecendo insights transgeracionais, reformulações significativas e maior responsabilidade. Destaca-se ainda a possibilidade de testemunhar conscientemente as lutas pré-verbais, muitas vezes ilusórias para a psicanálise convencional, e a importância da cura transgeracional na experiência psicodélica(59)(60)(61).

A psicanálise é um processo centrado na transformação, movendo-se de estados de constrição para liberdade e crescimento(62). A compreensão dessa transformação é debatida na psicanálise, e pode-se destacar dois pensadores, Wilfred Bion e Christopher Bollas, cujas abordagens desafiantes são valiosas na compreensão da consciência psicodélica.

Bion inicialmente focou no processo de pensar e conhecer, buscando a transformação do vínculo K, ou a mudança na forma de pensar, sentir e perceber(63). Posteriormente, ele explorou “O”, a verdade incognoscível, sugerindo que a psicanálise está relacionada à união com o absoluto(64). Bion enfatizou as transformações em “O”, experiências radicalmente diferentes de outras transformações, envolvendo uma mudança profunda no sentido de identidade e ser(64).

Christopher Bollas introduziu a ideia de objeto transformacional, onde a mãe primitiva é vista como a primeira instância do ambiente de transformação(65). Essa figura materna é crucial para estabelecer nosso desejo por objetos transformacionais na vida adulta, como experiências estéticas, eróticas e místicas. Para Bollas, a transformação é essencialmente relacional, mediada por uma relação mutável com outra mente(65).

Tomando ambos teóricos como base, a transformação psicodélica, muitas vezes buscada intencionalmente pelos pacientes para mudanças rápidas na autoexperiência e na percepção do mundo, pode ser catastrófica ou incremental. Sendo assim, a integração entre sessão e pós-sessão torna-se crucial diante dessas mudanças avassaladoras, exigindo esforços intencionais para aplicar insights à vida cotidiana e aos relacionamentos(62).

A experiência psicodélica é fortemente influenciada pelo “conjunto e cenário”, onde “conjunto” representa o estado psicológico do indivíduo e o “cenário” refere-se ao ambiente e à relação com guias(63). A psicanálise pode enriquecer a compreensão desse contexto relacional, explorando o aspecto transpessoal da experiência inconsciente e as relações objetais grupais(60)(61)(67)(68).

As experiências psicodélicas proporcionam acesso a estados pré-verbais e não simbolizados, oferecendo potencial para a criação de representações psíquicas ausentes(69). Essas experiências intensificadas por psicodélicos podem facilitar a regressão a pontos de trauma e rupturas no desenvolvimento, ampliando a capacidade de reparo e recuperação em comparação com métodos convencionais(69).

A psicoterapia psicodélica, muitas vezes de curta duração, explora o mundo relacional do viajante principalmente em termos de vínculos passados, com ênfase em transferências positivas. Com a expansão do tratamento psicodélico, a terapia analítica de longo prazo oferece oportunidades para explorar a transferência/contratransferência durante viagens psicodélicas, ou através do relato destas viagens, aprimorando áreas como memória, insight, intensidade afetiva e transformação de identidade(70).

A introdução de psicodélicos na psicanálise suscita preocupações sobre o impacto na transferência. Questões sobre complacência, narcisismo, silenciamento de transferências negativas e a função do analista emergem. A importância da utilização de psicodélicos no contexto de um processo analítico contínuo é enfatizada, abordando essas questões de forma mais abrangente conforme os analistas se envolvem mais na psicanálise psicodélica.

Essas considerações ressaltam a necessidade de introduzir psicodélicos em um relacionamento analítico estável, onde as preocupações podem ser exploradas. Em um contexto analítico “bom o suficiente”, a introdução de psicodélicos pode ser uma mudança útil para a díade terapêutica(66)(71)(69).

Atualmente, e fora do Brasil, certos psicanalistas estão bem posicionados para oferecer uma psicanálise psicodélica transformadora, mas nem todos são adequados. O analista ideal para trabalhar com estados psicodélicos seria confortável com a capacidade negativa, flexível e curioso sobre estados incomuns, capaz de conter afetos intensos e experiente em estados regressivos e transferências. Além disso, seria crucial que esses analistas tenham uma experiência pessoal substancial com substâncias psicodélicas, semelhante à análise pessoal necessária para se tornar um analista convencional.

A formação especializada em psicanálise psicodélica está em seus primórdios, exigindo o estudo de agentes psicodélicos, mecanismos de ação, pesquisa sobre terapia assistida por psicodélicos, perigos, contraindicações e treinamento clínico específico. A consulta de casos e o apoio da comunidade são fundamentais. Espera-se que, à medida que os psicodélicos se tornem mais aceitos na prática clínica, mais oportunidades de treinamento surjam. Porém, é de suma importância, que todos os psicanalistas tenham o conhecimento mais profundo sobre essas substâncias, já que cada vez mais lidam com pacientes que relatam sua experiência de uso.

Destaca-se que a psicanálise psicodélica não é adequada para todos os pacientes, sendo contraindicada para aqueles com histórico de sintomas psicóticos, tendências suicidas, condições bipolares, possível esquizofrenia hereditária, afetos traumáticos desregulados e transferências intensas. Deve ser abordada com cautela, como parte de um processo analítico mais amplo.

Enfim, os psicodélicos podem intensificar a exploração analítica e a cura, suavizando defesas, expandindo a consciência, promovendo compaixão e permitindo a visão além das restrições neuróticas. Eles têm o potencial de curar feridas de desenvolvimento e abrir-se para percepções transpessoais, oferecendo reparação para o trauma transgeracional.

 

  1. Conclusão

A interseção entre os processos psicodélicos e a psicanálise revela um terreno fértil para a compreensão aprofundada do funcionamento psíquico humano. Ao explorar e entender a consciência psicodélica, os psicanalistas encontram uma oportunidade única de revisitar, reconceitualizar e ampliar suas teorias, transcendendo as fronteiras que historicamente limitaram a visão da psique e da condição humana e adquirem conhecimento necessário para estreitar a relação entre analista e analisando.

A fusão entre a terapia psicodélica e a psicanálise apresenta perspectivas possivelmente promissoras para a evolução do pensamento crítico e da teoria analítica nos próximos anos, abrindo caminho para transformações profundas e para a autenticidade afetiva.

Enquanto a consciência psicodélica pode não ser adequada para todos, e ainda dependa de estudos e pesquisas com resultado científicos mais definitivos, a sua utilização em um contexto terapêutico indica até o momento oferecer um ponto adicional de acesso a insights, transformações e cura, particularmente para analisandos com depressão resistente ao tratamento, ansiedade, traumas, TEPT ou vícios.

Nesse contexto, a psicanálise se revela como a ferramenta ideal para integrar a experiência psicodélica. Ao dedicar atenção curiosa e não julgadora à subjetividade, características fundamentais no trabalho de integração psicodélica, os analistas estão posicionados de maneira única para auxiliar os analisandos a tecer insights e mudanças em suas vidas diárias e estruturas relacionais. Para realizar essa tarefa da melhor maneira, é imperativo que os analistas sejam educados sobre a natureza da experiência psicodélica, talvez incluindo experiência direta, a fim de acolher, entender e guiar habilmente seus pacientes no aproveitamento das vivências psicodélicas para o seus crescimentos e seus significados expandidos.

 

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